Nelson Favas

O Mercado Imobiliário não parou!

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O Mercado Imobiliário não parou!

O mundo está a “saque” pelo COVID-19 e o impacto na economia global é mais que evidente.  O mercado imobiliário não sai impune e depois de um final de 2019 brilhante registando crescimento e com os primeiros dois meses de 2020 a acompanharem essa tendência este vírus trouxe o “murro no estômago” para todo o sector.

O sector Hoteleiro e Turismo em Portugal registam já cortes significativos nas suas receitas e ocupação, seguido do Retail e da Mediação Imobiliária.

A maioria das agências imobiliárias estão encerradas e com a sua actividade muito reduzida. A procura de imóveis por parte de clientes compradores caiu abruptamente e uma significativa parte dos clientes vendedores optou por não colocar o imóvel em comercialização nesta fase.

Ainda assim o Mercado Imobiliário não parou, adaptou-se. A maioria dos mediadores imobiliários encontram-se a fechar todos os negócios que se encontravam em curso, a acompanhar todos os seus clientes e a procurar soluções e respostas nos diversos serviços no intuito de concluir todos os processos, em segurança.

É no On-line que tudo está a acontecer, redes sociais, blogs, webinars são agora o ponto de encontro dos profissionais do imobiliário. Troca de experiências, ideias e práticas para ultrapassar dificuldades. Focados em adaptar-se e a criar alternativas válidas para responder o mais rapidamente aos desafios e dificuldades causadas pelo encerramento abrupto dos serviços que permitem a formalização dos negócios. A colocar em prática protocolos de contingência e a caminhar para que o mercado retome á “nova normalidade” o mais rapidamente possível.

Sou defensor que durante este estado de emergência não é o momento para vender ou comprar. Para os clientes é o momento de reflexão, vamos dar valor a detalhes nos imóveis que antes julgávamos ser prescindíveis, que a realidade hoje revela o contrário. É o momento de se prepararem financeiramente e aproveitarem as baixas taxas de juro aplicadas pelas entidades bancárias para compreenderem a sua capacidade e condições de compra, é altura de acompanhar e descobrir os profissionais do imobiliário que querem ter do seu lado para que os acompanhem e melhor aconselhem na realização do seu negócio de compra ou venda de um bem imóvel. Para os mediadores é tempo de estarmos próximos, disponíveis e aproveitar o momento para obter mais conhecimento, mais formação, desenvolver novas competência, optimizar serviços e prepararmo-nos melhor para o resto dos tempos.

O pós COVID-19 é agora! e o agora diz-me que não devo ser eu o responsável, nem que moralmente, de alguém se expor ao perigo de ficar infectado e enquanto profissional, cumpre-me, que todos os que confiam em mim estejam em segurança e bem de saúde e mesmo sabendo que a habitação é um bem de primeira necessidade, o tempo e as circunstancias permitirão executarmos todos os negócios que desejarmos se agora cumprirmos o nosso dever cívico, ficar em casa.

Os valores de venda no mercado vão alterar?

Não tenho nenhuma bola de cristal que me permita responder, contudo, acredito que vivemos apenas um momento de pausa e no regresso à normalidade, existirá uma estagnação de valores. Os valores de venda que se praticavam no inicio de Março serão os mesmos que se irão praticar na retoma. Este ano já se tinha assistido a um ligeiro abrandamento nos tempos de venda, mas sem impacto directo nos valores das transacções, que acredito que assim se deverá manter. Será especulação dizer que os valores vão baixar ou subir, embora o senso comum diga que é natural que os valores baixem, a razão pode indicar que determinado tipo de imóveis com características especificas podem até subir o seu valor. Estamos em crise, mas uma crise diferente onde ainda existe uma liquidez que noutras crises não existia.

Agora é uma boa altura para comprar um imóvel?

Sim, com a consciência que a experiência de compra de um imóvel será certamente diferente e mais demorada. Nesse sentido e se comprar um imóvel é sua intenção, prepare-se para uma maior exigência por parte das mediadoras quanto á sua capacidade financeira, as primeiras visitas serão certamente virtuais (video, video 360, video-chamada), a as visitas presenciais, serão muito condicionadas a alguns factores de segurança por imperativo da actualidade. As propostas, contratos de promessa compra e venda, de forma digital e a escritura também condicionada apenas à presença dos intervenientes na escritura.

Em termos de valor, não espere por uma descida de valores, a acontecer será muito gradual e poderá levar mais de 6 a 12 meses. E com isso poderá perder a oportunidade de obter financiamento ao preço mais baixo de sempre. Por contrário, esta paragem veio permitir valorizar “as nossas casas” e algumas características que anteriormente não era de grande relevância, hoje podem ser motivo para encarecer o bem imóvel.

Agora é uma boa altura para vender um imóvel?

Sim, o mercado imobiliário está expectável, até o inicio de Março a tendência era de subida de valores, o após Covid-19 é impossível ainda de prever. A acontecer uma desvalorização imobiliária esta será gradual e lenta, mas considere que quando o período de quarentena e isolamento terminar, imóveis com características especificas poderão ter uma procura superior, por consequência uma valorização. Note ainda que os compradores embora não estejam tão activos em visitas, continuam motivados e nesta fase ganharam tempo para afinar pesquisas. Prepare-se contudo para que o seu imóvel esteja pronto para a promoção em video, video 360 e visitas virtuais, pois nesta fase ganham valor e maior exposição, os imóveis que melhor apresentem condições de segurança para uma analise não presencial. Para isto é, no meu entender, agora mais que nunca importante escolher um serviço de mediação imobiliária que lhe garanta para além da excelência de serviço, estas ferramentas de comunicação com os potenciais compradores.

E o Crédito Habitação o que vão fazer os bancos?

Daquilo que é a minha experiência e dos contactos que tenho tido com os parceiros, não existe à data qualquer alteração à concessão de crédito. Nesta fase o crédito habitação continua a ser um produto estrela que as entidades bancárias querem vender.

Este é eventualmente o melhor momento de sempre para rever ou contrair um crédito habitação, nunca antes o “dinheiro foi tão barato”. Em média os bancos estão a praticar Spreads a partir de 1% indexados a Euribor a 6 e 12 meses, que tem permanecido em valores historicamente baixos. Outros apostam na taxa fixa, que a ser subscrita agora, terá certamente um preço mais baixo que outra altura e principalmente durante uma crise económica.

Na realidade não se consegue prever o que vai acontecer com a economia global, eventualmente a analise de risco bancária será o factor predominante na concessão ou não de crédito, porém, muitas tem sido as decisões governamentais para impedir o colapso financeiro das pequenas e médias empresas e isso é um input importante e valioso para o futuro.

E vão existir mais oportunidades de Arrendamento?

O sector do Arrendamento local, está a sofrer consequências com o vírus, tendo perdido taxas de ocupação e rentabilidade já durante o mês de Março. Esta situação poderá fazer com que os proprietários decidam reverter o Arrendamento local a Arrendamento de longa duração, forçando um aumento da oferta. Em termos de valores, será ainda prematuro indicar mexidas, à semelhança do que acontece com os valores de venda.

Medidas extraordinárias e impactantes no imobiliário?

Consciente do impacto que o surto COVID-19 pode ter em matéria de crédito à habitação, o Governo institui uma moratória dos créditos perante as instituições financeiras. Esta medida visa apoiar famílias e empresas num contexto adverso de quebra acentuada de rendimentos.

O regime abrange os empréstimos contraídos e outras operações de crédito essenciais à atividade das empresas. A moratória irá vigorar por 6 meses, até 30 de setembro de 2020. Durante este período, os contratos de crédito são suspensos e em contrapartida, o prazo contratado do crédito será estendido, no futuro, por mais 6 meses.

No caso dos particulares estão abrangidos todos os empréstimos para habitação própria permanente.

Os particulares têm de ter domicílio em Portugal. Estão abrangidos aqueles que estejam em situação de isolamento profilático ou de doença, prestem assistência a filhos ou netos, ou estejam em situação de lay-off, bem como aqueles que estão desempregados (desde que registados no Instituto de Emprego e Formação Profissional).

Também se encontram abrangidos os trabalhadores das entidades, cujo estabelecimento ou atividade tenha sido objeto de encerramento determinado durante o período de estado de emergência.

Em todas as circunstancias o pedido terá que ser dirigido à entidade bancária em que o cliente têm o seu Crédito Habitação, por telefone, email ou outro meio que a instituição lhe disponha.

O pedido de acesso a esta moratória é uma decisão que tem de ser revista caso a caso e deve o particular avaliar se é para si a melhor solução, uma vez que este momento pode ser o ideal para avaliar as condições de seu crédito e quem sabe obter melhores condições e uma prestação que o alivie financeiramente na totalidade do crédito e não só por um período de 6 meses. Em todos os casos, a empresa que represento está neste momento a ajudar e agilizar todos os processos de pedido de moratórias e a franquear gratuitamente a analise financeira de situação a situação para um aconselhamento e decisão consciente.

E no arrendamento?

No arrendamento a medidas passam por suspender a contagem dos prazos dos contratos de arrendamento ou das suas renovações, protegendo os inquilinos num período excecional de restrições à circulação de pessoas e garantindo o seu direito à habitação. Foi aprovada uma proposta de lei, a submeter à apreciação da Assembleia da República, que cria um regime excecional e temporário de mora no pagamento de rendas – habitacionais e não habitacionais – e habilita o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) a conceder empréstimos para pagamento de renda aos arrendatários que tenham sofrido quebras de rendimentos. Não existindo à data mais informações de como se pode concorrer a estas linhas de crédito.
A Habitação é sem dúvida um bem de primeira necessidade e todos têm o direito a ela e cumpre ao mercado imobiliário perceber que mesmo as empresas tenham necessidade de vender, gerar rendimento, o momento pede máxima responsabilidade e consciência a todos os profissionais para que minimizem os perigos e exposição ao vírus desnecessárias.
Por vós e todos nós, fiquem em casa!

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